Passei mais de uma década trabalhando na SHX. Mesmo sem a bagagem técnica que tenho hoje em áreas como UX Research, Design System ou desenvolvimento de produto, minha base foi construída no caos dos sistemas reais. Foram anos lidando com operações críticas, sistemas integrados e desafios que exigiam clareza muito antes de eu conhecer o termo "experiência do usuário".
A SHX tinha um modelo bem diferente do que se vê por aí: o ERP era totalmente conectado com os principais módulos de operação e estratégia — BI, SCM, WMS, PCP, financeiro, vendas, compras, logística e contabilidade.
Eu vivi de perto a implantação dos Speds, e isso me deu uma visão concreta de como decisões técnicas impactam a rotina de quem usa o sistema.
Num dos projetos mais desafiadores, atuei para resolver uma dor logística clássica: o pedido estava num sistema, a nota fiscal em outro, o controle da transportadora num terceiro. O ERP até centralizava tudo, mas sem entregar visibilidade clara nem pra quem operava, nem pra quem decidia. O resultado era retrabalho, erro e sensação de descontrole.
Meu papel foi desenhar uma interface unificada e um painel em tempo real que colocasse todos os dados certos, no lugar certo, pra cada tipo de usuário. Isso incluía operadores, analistas e diretoria. Automatizei o máximo possível e testei com os times internos pra garantir fluidez e precisão. O painel virou o centro da operação — e conectou áreas que antes mal se falavam.
Mas com o tempo, outra dor apareceu: o motorista da transportadora. O único elo humano entre o sistema e o cliente final. Ele seguia fora do radar — sem visibilidade, sem processo pensado pra ele. O foco estava no ERP e no portal do cliente, mas a entrega em si não era prioridade no design.
Sabendo que automação logística só funciona em campo, decidi montar um ambiente simulado. Um cenário realista, onde eu pude observar, ajustar e validar toda a jornada da entrega antes de colocá-la em produção. Isso incluiu desde a separação de pedidos até a confirmação digital no destino.
Esse cenário de testes mudou tudo. Porque investir em discovery e simulação foi, na prática, economia. Evitou retrabalho, reduziu dúvidas e fortaleceu a confiança entre as pontas da operação. Foi ali que percebi: não é só sobre telas. É sobre criar sistemas que respeitam a realidade de quem está em cada ponta do processo — do analista ao motorista.
Esse projeto me ensinou que mesmo em sistemas B2B técnicos e rígidos, dá pra usar design pra traduzir complexidade em clareza — e que experiência boa também se mede no asfalto.
SHX Informática
ERP - Automação Logística - Portal do Cliente